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Uso de pílula não aumenta risco de contágio por HIV, diz OMS

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mulheres soropositivas ou parceiras de um homem com HIV podem continuar a usar com segurança contraceptivos hormonais para evitar a gravidez. 

A recomendação foi reforçada ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após um parecer do Comitê de Revisão de Diretrizes. O parecer segue uma análise minuciosa de evidências sobre o uso de anticoncepcionais e a infecção pelo HIV. 

A OMS convocou uma consulta técnica para rever todas as pesquisas epidemiológicas sobre o assunto depois que um estudo publicado em outubro do ano passado sugeriu que o uso dos contraceptivos hormonais (tanto as pílulas quanto os injetáveis) poderiam aumentar o risco de a mulher transmitir o HIV aos seus parceiros. A revisão envolveu 75 especialistas de 18 países.

Atuais. As recomendações atuais, que estão em vigor desde 2009, permanecem: não há restrições para o uso de método anticoncepcional hormonal por todas as mulheres que vivem com HIV ou que possuem risco de contrair a doença. 

A OMS recomenda, no entanto, que casais soropositivos que procuram evitar a gravidez indesejada devem ser aconselhados a usar a dupla proteção, associando o uso de anticoncepcional com preservativos.

"Alguns estudos divulgados no ano passado abriram essa polêmica, de que o uso do anticoncepcional seria um facilitador da infecção, sobretudo nos homens. Isso teve uma repercussão muito grande, especialmente na classe médica, e a OMS veio esclarecer a dúvida", diz Mário Scheffer, da ONG Pela Vidda.

Isso porque outros estudos internacionais demonstram que, se a pessoa com HIV está em tratamento, toma a medicação antirretroviral adequadamente e está com a carga viral indetectável, ela pode até pensar em ter filhos de maneira natural, sem ter de recorrer à reprodução assistida, já que o risco de transmissão do vírus para o parceiro nesses casos é praticamente zero.

"Hoje em dia já se admite a concepção natural em casos específicos. Essa publicação da OMS é uma admissão de que no mundo real as pessoas com HIV não usam camisinha em 100% das relações, como a gente gostaria que fosse", diz o infectologista Ésper Kallas, professor da USP.

Mas a recomendação é para os casais que não querem engravidar. "A OMS não está falando para a mulher usar anticoncepcional e largar a camisinha. Não acho que isso fará as pessoas relaxar na proteção. O que importa é não perdermos a oportunidade de falar sobre o assunto e sobre as formas de proteção que existem", diz Kallas.