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Estudo recomenda insistir para engravidar

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um estudo realizado na Austrália mostra que quase metade das mulheres que dizem ter enfrentado problemas para engravidar durante pelo menos um ano acaba tendo um bebê, mesmo sem recorrer a tratamentos de fertilidade.

Essa proporção de sucesso foi apenas um pouco inferior àquela observada entre as mulheres que relataram problemas para engravidar e recorreram a tratamentos com hormônios de fertilidade ou fertilização in vitro.

“Muitas mulheres de até 36 anos com histórico de infertilidade podem chegar à concepção espontânea e levar a gravidez a termo sem recorrerem a tratamentos para a fertilidade, indicando que são subférteis e não inférteis”, disse a responsável pelo estudo, a pesquisadora Danielle Herbert, da Faculdade de Saúde Populacional da Universidade de Queensland, em Brisbane.

Isso significa que, na ausência de um problema claro, os casais que enfrentaram dificuldade devem se manter otimistas quanto à possibilidade de conseguirem engravidar sozinhos.

“Não me surpreende que as mulheres que não receberam tratamento tenham conseguido engravidar”, disse Courtney Lynch, diretora de epidemiologia reprodutiva da Universidade Estadual de Ohio, que não estava envolvida na nova pesquisa.

A pesquisa faz parte de um estudo de longo prazo com mais de 7 mil australianas. Desde 1996, elas preencheram questionários de saúde em intervalos de poucos anos, incluindo perguntas a respeito da gravidez e do parto.

Os dados atuais foram obtidos de cerca de 1,4 mil mulheres de 28 a 36 anos, que disseram nos questionários mais recentes terem tentado engravidar sem sucesso por um período contínuo de pelo menos um ano. Quase 600 disseram ter recebido tratamento com fertilização in vitro ou hormônios de fertilidade.

No último questionário, de 2009, 53% delas disseram ter tido filhos após se submeterem a tratamentos de fertilidade, proporção comparável aos 44% das mulheres que enfrentaram problemas, mas não buscaram tratamento, de acordo com o que dizem os pesquisadores na revista Fertility and Sterility.

Limitações. Mas Danielle e colegas destacaram algumas limitações do relatório, entre elas o fato de não saberem se alguma das mulheres trocou de parceiro durante o estudo, o que poderia ter afetado suas chances de engravidar. E um pesquisador de fertilidade que não trabalhou no estudo disse que é impossível saber se as mulheres que não se submeteram a tratamento ganharam ou perderam peso, mudaram de dieta ou estilo de vida para melhorar as chances de engravidar.

Alice Domar, da clínica de fertilidade Boston IVF, disse que o número de mulheres que engravidaram sem tratamento após um ano de infertilidade é mais alto que o sugerido por estudos anteriores. Ele recomendaria a alguém que tenta engravidar há algum tempo exames para ver se há algo que a impeça de conceber um feto, como um bloqueio nas trompas. Caso contrário, ela deve seguir tentando.

Courtney disse que cerca de 15% das mulheres não conseguem engravidar, mesmo após um ano de tentativas, e de 3% a 5% são de fato inférteis. O restante provavelmente conseguirá engravidar por conta própria depois de um ou dois anos.

“Há muitas pacientes que não desejam esperar outro ano, especialmente no caso das mais velhas”, disse Courtney. “Mas, para alguém de 28 anos, esperar outro ano é algo a ser considerado antes de buscar tratamento.”

Para Alice, a maioria das mulheres que não conseguem engravidar precisará apenas de tratamento com hormônios de fertilidade, que custam cerca de US$ 1 por dia, para normalizar sua ovulação. A fertilização in vitro, por outro lado, custa cerca de US$ 15 mil por cilco e nem sempre é coberta pelos seguros de saúde.

Para Sacha Krieg, ginecologista do Centro Médico da Universidade do Kansas, as mulheres devem manter a esperança de poderem engravidar, por mais que já tenham tentado por todo um ano sem sucesso. “Mas não quero que Isso leve as mulheres a deixarem de procurar o auxílio de especialistas.”/ REUTERS. TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL.