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Cólica menstrual intensa pode indicar a existência da endometriose

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Doença ginecológica crônica e incurável atinge cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva

Cólicas menstruais, desconforto abdominal, fluxo menstrual intenso. Esses sintomas são considerados comuns por boa parte das mulheres, mas diferentemente do que muitas pensam eles podem indicar a existência de uma doença ginecológica crônica e incurável: a endometriose.

“A cólica menstrual nem sempre é um sintoma natural do ciclo feminino, pode ser um indicativo de endometriose ou outras patologias. Por isso é importante que seja investigada por um profissional da área”, afirma o médico ginecologista Jorge Valente. A patologia atinge 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Isso equivale a 6 milhões de brasileiras.

Endométrio é a camada mais interna do útero, a membrana mucosa que reveste a parede uterina. É no endométrio que o óvulo fecundado se implanta, ou seja, é como se fosse o "bercinho" do bebê. A endometriose ocorre quando essa membrana que reveste a cavidade uterina, ou seja, o endométrio, implanta-se fora do útero e cresce por conta de estímulos hormonais (estrogênicos). Na realidade, a maioria das mulheres apresentam esse “refluxo menstrual” ou “menstruação retrógrada”, que faz com que células endometriais, ao invés de serem expelidas, migrem através das trompas para a cavidade abdominal, mas apenas algumas, devido a uma falha no sistema imunológico, não conseguem eliminá-las e desenvolvem a doença. Estas células podem se desenvolver em vários locais como ovários, bexiga, ligamentos uterinos, intestinos, reto e na membrana que reveste a pélvis.

“Todo mês, os ovários produzem hormônios que estimulam as células do endométrio a se multiplicarem e estarem preparadas para receber um óvulo fertilizado. Quando não ocorre a gravidez, toda a camada funcional do endométrio é eliminada na menstruação e no ciclo seguinte uma nova camada é formada. Mas, ao contrário das células normalmente encontradas dentro do útero, que são liberadas durante a menstruação, as células fora do útero podem permanecer no lugar, causando os sintomas da endometriose”, explica o médico. 

Além de provocar cólica menstrual e sangramento intenso, a doença pode causar ainda sintomas como dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais, desconforto abdominal e, em casos mais graves, infertilidade, problema presente em 30% a 40% das mulheres com a doença. “As mulheres precisam ficar atentas porque em alguns casos a doença não apresenta sintomas, por isso a importância de consultar um ginecologista regularmente e a realização de exames periódicos”, diz Jorge Valente.

Diagnóstico - Além do exame clínico, o diagnóstico da endometriose requer exames de laboratório e de imagem, como a ultrassonografia para pesquisa de endometriose, ressonância magnética e videolaparoscopia. Esse último é o procedimento que além de identificar a doença, faz o estadiamento do grau da mesma e o tratamento cirúrgico.

Apesar de estudada há muitos anos, ainda não se conhece detalhadamente o  que causa a endometriose. Sabe-se apenas que a doença tem vários fatores em sua origem como alterações imunológicas, genéticas e hormonais e ainda não tem cura. “Mas, apesar de incurável, a doença pode ser controlada”, diz Jorge Valente.

Segundo ele, o principal tratamento consiste na suspensão da menstruação através dos métodos anticoncepcionais. Em alguns casos, o tratamento através da videolaparoscopia, cirurgia minimamente invasiva, é recomendado. “A cirurgia é uma opção para as mulheres que não melhoram com o tratamento medicamentoso ou nos casos mais avançados da doença”.

A atividade física também ajuda a regular a produção de estrogênio, hormônio associado ao ciclo menstrual e, consequentemente, a endometriose.